segunda-feira, 29 de agosto de 2011


MEU PRIMEIRO CABELO BRANCO

Hoje acordei como de costume
Tomei  o café andando..não dá tempo de sentar a mesa.
Penteei os cabelos ao mesmo tempo em que escovava os dentes. Parece impossível, mas não quando você está atrasada como eu.
Corri..andei..estudei..corri..trabalhei.
Parei!
A única hora que parei foi quando fui arrumar o cabelo.
O espelho e eu.
De repente ele estava lá.
Branco!!!!
Entre bilhões, ele, único se destacava.
É a velhice.
Vou fazer um plano de saúde e um plano funerário.
Calma! É só um fio de cabelo branco.
Eu tenho outros milhões de cabelos pretos.
Preferia que fossem ruivos.
Porque esse fio chama tanta atenção.
Será que é um sinal
E se eu arrancar?
Dizem que nasce mais dois.
Pintar?
Mas ele é tão único.
Acho que ele apareceu pra me dizer algo:
Hora de amadurecer.


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Peça - Degustar


CENA I: O CAFÉ

Entra uma mulher em sua humilde casa e começa a coar o café. O cheiro exala por toda a casa, fazendo o público também sentir esse cheiro (olfato).
MULHER: essa vida é muito engraçada mesmo, né? A gente cria os filhos, eles nascem, depois vão embora e deixam a gente. Num to me queixando não, to só desabafando. Mas, vamos lá... acabei de passar esse cafezim... quem quer um pouco? (paladar)
Ela desce do palco e oferece numa xícara de barro um pouco do seu café
MULHER: Num sei se tá bom de açúcar. Pois bem, do que tava falando mesmo? Ah, dos filhos, da vida, da saudade... (suspiro) Sabe, de vez em quando passa por essas bandas um cortejo que me deixa muito feliz. O que eu mais gosto é uma música, que pra alguns pode parecer triste, pra outros alegre, tem uns até que acham dramática... eu não... acho parecida com o meu mundo... simples. Sim... sim... vamos pra música:
Me dê licença, posso cantar a saudade, posso cantar a alegria, posso cantar a saudade (canta 2 vezes bem lentamente, enquanto o solo da música entra e, em seguida, o cortejo cantando a mesma música animada)
MULHER: Olha... são eles... eu já me alegro só de ouvir esse trianguluzão danado... eita!
Me dê licença, posso cantar a saudade... (cantando para a platéia até chegar no palco)
O cortejo sobe no palco, canta com a mulher e faz a parada
 
CENA II: O SERTANEJO


Tocar, sentir, ouvir, comer, cheirar, ver. Alegria, vida, morte, decepção, tristeza, saudade, perplexidade, fugacidade. Revolta. Memória, fé. Inteligência, razão... sentidos... sentidos... sentidos.
O que causa tantas ações e reações?
Impulsos? Sensações? Palavras, sons, cores?... a criação humana!
Desde que o mundo é mundo, e o homem é homem, ele inventa
Inventou a escrita / Manipulou as cores / Cantou a palavra
E usou de seu corpo para ir além dos limites da palavra
Quem poderia imaginar que essas aparentes distrações fossem dominar o mundo? Já não bastava a palavra propriamente falada. (nesse momento, há a declamação de algum poema religioso, no caso foi usado o poema de Santo Agostinho “tarde te amei”)
A dança, onde cada gesto tem um sentido. Cada sentido, uma mensagem. Em cada mensagem, uma reação. Em cada reação, uma belíssima interpretação subjetiva, concreta, simples, complexa. A arte não pertence mais ao seu criador, pertence ao mundo. A quem viu, ouviu e a sentiu. E estes (aponta para a platéia) são seus novos donos, novos artistas, que em suas cabeças se formam novas expressões... transformações.
Daí a responsabilidade do artista com o dom que traz. Aguçar por aguçar? É preciso dar um sentido ao sentido.
A arte não pára. Cria, recria, faz, desfaz, começa, termina.
Em sua casual diversidade, a arte pode ser usada para atrair do homem mais contemporâneo ao tradicional.
Um homem fica no centro em seu oratório, acende uma vela. E os narradores dão o foco para o sertanejo. Apagam-se as lâmpadas.
No modesto homem do campo que em seu oratório roga a seus santos pela chuva. Representação da esperança, roga o olhar de Nosso Senhor sob ele.
Os narradores, após terem acendido suas velas na vela do sertanejo, vão para trás dele, cantam e encenam uma procissão, até ficarem emparedados de frente para a platéia.
A nós, descei divina luz (2x) / Em nossas almas, acendei, o amor, o amor de Jesus (2x) / Vinde, Santo Espírito, e do céu mandai, luminoso raio, luminoso raio. / Vinde, pai dos pobres, doador dos dons, luz dos corações, luz dos corações. / Grande defensor, em nós habitai, e nos confortai, e nos confortai. / Na fadiga, pouso. No ardor, brandura. E na dor, ternura, e na dor, ternura.

Hoje o mundo estimula a desesperança (apaga a vela)
A cultura de morte (apaga a vela)
A superficialidade (apaga a vela)
O medo do Eterno (apaga a vela)

CENA III: FINAL


Existe um sentido? (lanterna na cara)
Existe um porquê? (lanterna na cara)
Existe um sentido! (lanterna na cara)
Existe um porquê! (lanterna na cara)
Pra mostrar o belo! O homem tem sede do belo. Do belo visto, tocado, dançado, falado, musicado. E esse belo, com B maiúsculo. E nós o temos, não vamos retê-lo, pois a humanidade o quer.
Pense num lugar (interação com a platéia) Pensou? A arte te leva.
A arte pode levar qualquer um a qualquer lugar! Hoje, em missão!
Então, vamos, artistas... partir novamente em missão!
Me dê licença... (saem cantando)




Peça – O Amor de Deus

Abre-se e vê-se um lindo quarto de criança, com uma Emilia, bailarina, princesa, vídeo-game, palhaço e cowboy, todos imóveis. Entra a dona do quarto procurando suas coisas para ir para a escola.

Menina: ai cadê minha lancheira? Ai minha professora vai ficar furiosa..onde eu coloquei?
A menina fica mexendo nos brinquedos
Menina: acheiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
A menina sai de sena e a Emilia começa a se mexer
Emilia: Acorda pessoal, ela já foi pra escola, podemos nos mexer
Cowboy: Irraa!!! Agora posso cavalgar no meu belíssimo cavalo. Alo Silver!!!(sai cavalgando)
Palhaço: Uaa!!já estava cansado de ficar parado, eu não gosto de ficar parado. Vou dar minha cambalhota de hoje (dá a cambalhota) e vocês já ouviram aquela piada (conta uma piada e todos riem)
Princesa: Uiiiiii!! Que soninho, eu estava sonhando com o meu príncipe que chegava e ai
A princesa é interrompida por um grito
Bailarina: socorrooo!! Socorro!!! Alguém pode por favor dar corda em mim??
Emilia: nossa, desculpe, nós esquecemos que você precisa de corda para funcionar. Mas eu acho q falta alguém?? Cadê o video- game??
Vídeo-game: (fala em câmera lenta) a minha pilha está mal colocada, por favor alguem ajeita ela pra mim
Cowboy: irrra!!! Pode deixar comigo camarada, vou salvar a sua vida, vou cavalgar ate onde você está ..vamos lá silverrrrr!!!. Pronto! Você está salvo
Vídeo-game: obrigada cowboy.
Emilia: sim, sim, mas nós vamos brincar de que hoje??
Cowboy: Irraaa!!!já sei, vamos brincar de mocinho e bandido. Ai a
Gente prende as meninas e ....
Princesa: Não, não não gostei, vocês sempre querem fazer brincadeiras de meninos dessa vez nós vamos brincar de outra coisa, vamos brincar de casinha.
Cowboy + Vídeo-game + Palhaço: NAOOOOOOOOOOO
Vídeo-game: Isso eu não gosto
Bailarina: Já sei, vamos dançar daí eu ensino alguns passos bem fáceis pra vocês.
Ela mostra um passo bem difícil
Todos: aff isso não
Emilia fica pensativa no canto
Emilia: Hum!!!Sabe o que estou pensando??
Todos: ihhhhhhhhh
Emilia: serio! Eu estava vendo vocês ai, cada um tem um gosto, cada um tem uma brincadeira preferida. Como é que pode? A gente ser tão diferente um do outro?
Cowboy: é verdade!è sabe de uma coisa pessoal? Vou contar um segredo para vocês ( todos se aproximam do cowboy) vocês prometem não contar pra ninguém?
Todos: Sim! Conte! Ande!
Cowboy: pois é, eu cansei de ser cowboy
Todos: o que??!!
Cowboy: serio, não quero mais ser eu, quero ser diferente quero ser outra pessoa...sabe que acho que se eu fosse outra pessoa os outros gostariam mais de mim.
Palhaço: eu Tb tenho um segredo!! Tb não quero mais ser palhaço, cansei, toda hora rindo, tendo que fazer os outros rirem, é muita pressão. Agora eu quero montar cavalo. Acho que os outros vão gostar mais de mim.
Princesa: vocês tão loucos? Um cowboy que quer ser palhaço e um palhaço que quer ser cowboy. Que loucura! Em que mundo nós estamos?
Emilia: Calma gente!espera ai deixa eu ver se entendi, cowboy, você não quer mais ser você, você quer ser palhaço?
Cowboy: Isso Emilia. Eu acho que Deus vai me amar mais e parecer com outra pessoa. Olha só como eu posso ser engraçado ( conta uma piada se graça e ninguém rir)
Emilia: e você palhaço, você quer ser cowboy?
Palhaço: isso mesmo. Se for um rapaz sério, montar cavalo, acho que Deus pode me amar mais, me empresta o teu cavalo ( ele cai e todos riem dele)
Emilia: ta vendogente?! Não é assim que Deus vai amar mais ou menos. Deus nos ama muito, mas do jeito que somos
Bailarina: mas Emilia, as vezes eu não sou boazinha e mesmo assim Deus me ama?
Emilia: ama sim
Vídeo-game: eu Tb ele me ama Tb?
Emilia: ama sim
Vídeo- game: ele ama o João Tb?
Emilia: ama
Vídeo- game: ele ama o Marcelo Tb?
Emilia: ele ama..
Vídeo-game: ele ama o...
Todos: chega né!!!!!!!!!!!!
Emilia: escutem, Deus ama cada um e Ele criou cada um de um jeito especial. Não existe ninguém igual a vc bailarina. Deus deu a vc o dom de dançar para fazer os outros felizes, e você princesa, você também é única, Deus sempre te quis assim, mesmo antes de você estar na barriga da sua mãe.
Princesa: então cowboy e palhaço vocês ainda querem ser diferentes?
Eles se olham
Cowboy: não, não quero mais não Deus me ama desse jeito né??
Palhaço: é verdade, Deus me criou para fazer os outros felizes, e Ele me ama assim e ama cada um de vcs


CENA II- A CRIAÇÃO

Bailarina: então Deus me criou? E quem criou o mundo?
Princesa: Alooo! Claro que foi ele NE?
Bailarina: mas é muita coisa, muita gente, como Ele conseguiu?
Vídeo-game: Ele é Deus Ele pode tudo
Bailarina: e como foi que Ele criou?
Palhaço: Ah..essa é fácil, qualquer um sabe
Bailarina: ta então me diz ai
Palhaço: ah essa pergunta é muito fácil, faça uma pergunta difícil
Bailarina: naoooo! Responda essa. Como foi que Deus criou o mundo?
Palhaço: ah é muito fácil
Vídeo-game: ah, deixa comigo, vou fazer uma pesquisa nos meus computadores que tem acesso a Internet banda-larga, eu sou um vídeo-game muito desenvolvido
O vídeo-game começa a fazer uns barulhos estranho no seu teclado e depois tira (imprime) um enorme papel da sua roupa. Princesa tira o papel dele e começa a ler
Palhaço: deixa eu ver aqui diz que a primeira coisa que Deus criou foi a luz.
Cowboy: agora é a minha vez. Aqui diz que Deus criou depois o céu e a terra, que maravilha. Deus fez esse ceuzão pra gente
Bailarina: e no terceiro dia Deus criou o mar, pra gente nadar surfar, pegar aquelas ondas. Espera, ele criou também a terra, as verduras, ai eu adoro comer verduras,as frutas. Hum.. ta me dando é fome.
Princesa: nossa, que legal! Aqui diz que no quarto Deus fez o dia e a noite. Que romântico! Deus criou o sol e criou a lua, que lindo. Ainda bem que ele criou a noite pra gente poder dormir, e o dia pra gente poder brincar.
Vídeo-game: uau! Nesse dia Ele criou uma coisa que eu gosto muitoooooooo. Acho que todo mundo gosta, (faz um suspense)
Todos: diz logo Emilia
Emilia: ta vou dizer, no quinto dia Deus criou os animais do mar. Olha só ele criou as baleias, os golfinhos, os caranguejos. Eu gosto muito dos animais do mar
Emilia: deixa eu ler essa. Essa é importante, nesse dia Deus criou os animais, todos os animais, os cachorros, gatos, ai eu amo os gatinhos. E.... tan tan tan tan, olha só o que ele criou também, criou o homem, criou cada um de nós.
Bailarina: meu Deus e Ele num ficou cansado não? É muita coisa.
Emilia: aqui diz que Ele descansou, por isso que a gente descansa no domingo.
Cowboy: ei, eu não sou Deus mas acho que acabei de criar uma coisa, uma música. È assim: Deus criou o céu criou o mar
Palhaço: criou a terra e tudo que há
Emilia: podemos fazer uma musica, vídeo-game você toca violão pega ai vamos cantar
Canta-se a musica, os brinquedos vão até as crianças
Enquanto eles conversam o palhaço tenta chamar a atenção, pois a menina já vem chegando
Bailarina: o que foi palhaço?
Palhaço: ela está vindo
Bailarina: quem?
Palhaço: a menina, ela esta vindo
Todos correm e ficam paralisados e a menina entra
Menina: Ah, justo hoje a professora faltou e eu tive que vir para casa mais cedo
Enquanto ela fala o cowboy começa a querer espirrar e todos ficam tentando impedir e quando a menina se vira todos ficam imóveis. Quando tudo parece está sob controle ele dar um grande espirro
Menina: o que foi isso, parece até que você palhaço espirrou
Palhaço: não foi eu não, foi o cowboy
Todos: cale a boca
Menina: nossa vocês podem falar
Palhaço: podemos sim
Todos: cale a boca!
Palhaço: eu falei alguma coisa que não devia (com medo)
Todos saem correndo atrás dele deixando a menina sozinha
Menina: nossa! Será que eu estava sonhando

sábado, 13 de agosto de 2011

Olhos de Maria

Meus olhos vêem a morte, minha alma vê a vida
Meus olhos vêem o fim, minha alma vê o inicio
Meus olhos vêem o sangue, minha alma vê uma corrente de água fecunda
Meus olhos vêem uma cruz, minha alma vê uma árvore frondosa

Contradição

Será que pode entre espinhos nascer flores?
Nascer uma vida?
Contradição
A lógica não alcança
Que luta bendita que sempre me faz perder e toda vez que eu perco eu ganho
Contradição
O exemplo Dele, ao gritar com sua humanidade
Aceita a cruz
Aceita a árvore
Contradição
Ah se um dia essa oposição em mim cessasse!
Ah se fosse como no inicio!
Quando meu ser tendia livremente para Ti
Quando eu te via como meu e eu só tua.
Tua vontade.
Certeza