Entra uma mulher em sua humilde casa e começa a coar o café. O cheiro exala por toda a casa, fazendo o público também sentir esse cheiro (olfato).
MULHER: essa vida é muito engraçada mesmo, né? A gente cria os filhos, eles nascem, depois vão embora e deixam a gente. Num to me queixando não, to só desabafando. Mas, vamos lá... acabei de passar esse cafezim... quem quer um pouco? (paladar)
Ela desce do palco e oferece numa xícara de barro um pouco do seu café
MULHER: Num sei se tá bom de açúcar. Pois bem, do que tava falando mesmo? Ah, dos filhos, da vida, da saudade... (suspiro) Sabe, de vez em quando passa por essas bandas um cortejo que me deixa muito feliz. O que eu mais gosto é uma música, que pra alguns pode parecer triste, pra outros alegre, tem uns até que acham dramática... eu não... acho parecida com o meu mundo... simples. Sim... sim... vamos pra música:
Me dê licença, posso cantar a saudade, posso cantar a alegria, posso cantar a saudade (canta 2 vezes bem lentamente, enquanto o solo da música entra e, em seguida, o cortejo cantando a mesma música animada)
MULHER: Olha... são eles... eu já me alegro só de ouvir esse trianguluzão danado... eita!
Me dê licença, posso cantar a saudade... (cantando para a platéia até chegar no palco)
O cortejo sobe no palco, canta com a mulher e faz a parada
CENA II: O SERTANEJO
Tocar, sentir, ouvir, comer, cheirar, ver. Alegria, vida, morte, decepção, tristeza, saudade, perplexidade, fugacidade. Revolta. Memória, fé. Inteligência, razão... sentidos... sentidos... sentidos.
O que causa tantas ações e reações?
Impulsos? Sensações? Palavras, sons, cores?... a criação humana!
Desde que o mundo é mundo, e o homem é homem, ele inventa
Inventou a escrita / Manipulou as cores / Cantou a palavra
E usou de seu corpo para ir além dos limites da palavra
Quem poderia imaginar que essas aparentes distrações fossem dominar o mundo? Já não bastava a palavra propriamente falada. (nesse momento, há a declamação de algum poema religioso, no caso foi usado o poema de Santo Agostinho “tarde te amei”)
A dança, onde cada gesto tem um sentido. Cada sentido, uma mensagem. Em cada mensagem, uma reação. Em cada reação, uma belíssima interpretação subjetiva, concreta, simples, complexa. A arte não pertence mais ao seu criador, pertence ao mundo. A quem viu, ouviu e a sentiu. E estes (aponta para a platéia) são seus novos donos, novos artistas, que em suas cabeças se formam novas expressões... transformações.
Daí a responsabilidade do artista com o dom que traz. Aguçar por aguçar? É preciso dar um sentido ao sentido.
A arte não pára. Cria, recria, faz, desfaz, começa, termina.
Em sua casual diversidade, a arte pode ser usada para atrair do homem mais contemporâneo ao tradicional.
Um homem fica no centro em seu oratório, acende uma vela. E os narradores dão o foco para o sertanejo. Apagam-se as lâmpadas.
No modesto homem do campo que em seu oratório roga a seus santos pela chuva. Representação da esperança, roga o olhar de Nosso Senhor sob ele.
Os narradores, após terem acendido suas velas na vela do sertanejo, vão para trás dele, cantam e encenam uma procissão, até ficarem emparedados de frente para a platéia.
A nós, descei divina luz (2x) / Em nossas almas, acendei, o amor, o amor de Jesus (2x) / Vinde, Santo Espírito, e do céu mandai, luminoso raio, luminoso raio. / Vinde, pai dos pobres, doador dos dons, luz dos corações, luz dos corações. / Grande defensor, em nós habitai, e nos confortai, e nos confortai. / Na fadiga, pouso. No ardor, brandura. E na dor, ternura, e na dor, ternura.
Hoje o mundo estimula a desesperança (apaga a vela)
A cultura de morte (apaga a vela)
A superficialidade (apaga a vela)
O medo do Eterno (apaga a vela)
CENA III: FINAL
Existe um sentido? (lanterna na cara)
Existe um porquê? (lanterna na cara)
Existe um sentido! (lanterna na cara)
Existe um porquê! (lanterna na cara)
Pra mostrar o belo! O homem tem sede do belo. Do belo visto, tocado, dançado, falado, musicado. E esse belo, com B maiúsculo. E nós o temos, não vamos retê-lo, pois a humanidade o quer.
Pense num lugar (interação com a platéia) Pensou? A arte te leva.
A arte pode levar qualquer um a qualquer lugar! Hoje, em missão!
Então, vamos, artistas... partir novamente em missão!
Me dê licença... (saem cantando)
NOSSA!! Lembrei de todo processo qd apresentamos aqui!! Foi um momento de MUITO aprendizado...olhando pra trás, vejo como foi BOM! Brigada, Neidinhaaa!!! Ahhh...lembrar dessa música me deu uma alegriaaa!!! ME DÊ LICENÇAAA...Uhuhu.
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